Quanto tempo que não venho aqui? Quanto tempo que não disponho o que acontece com minha vida, com meus sentimentos, anseios e tropeços? Abandonei um dos meus elos comigo mesmo por causa de tantas mudanças que aconteceram em mim, na minha vida, nos meus planos... é, tudo que eu pedi ao tempo, à Deus, ao Universo, as boas vibrações, ao meu coração e a minha razão, acabou 'acontecendo'. Do que eu estou falando? Dessa minha ideia, de inicio, meio maluca de colocar outra pessoa na minha vida, para fazer parte dela, fazer parte das mudanças dela. O que acontece é que no final das contas eu queria realmente isso, porque eu sabia que somente assim eu me sustentaria de novo.
BEM de principio, não vou negar, foi difícil. Os pensamentos ainda insistiam nos erros passados, em uma vontade inquieta de querer uma coisa que não me pertencia mais, eu sabia. O coração teimava em acreditar que tudo ia voltar ao que era antes e que o sentimento que fazia morada dentro dele era o maior do mundo. Mero engano. Não vou dizer que eu deixei de gostar daquele cara, mas como já dizia os mais sábios, tudo muda a medida que o tempo passa.
Foi de me admirar (re)encontrar a pessoa que eu estou hoje, em um fim de mundo. Já tínhamos uma história antes... 'vivemos juntos', desfrutamos de uma infância compartilhada, crescemos, surgiu uma vontade da parte dele e com um certo convencimento alheio, ficamos - uns beijinhos, apenas-, depois disso com uns maus entendidos, discutimos feio (leia-se: eu discuti sozinha), falei, xinguei, gritei e ele ouviu calado, não nos falamos mais, eramos, no fim das contas, dois adolescentes bobos. Foram cinco longos anos de silêncio, cada um no seu mundo, vivendo a sua vida, sem nos darmos conta de que o destino é irônico, e foi dessa ironia que a linha torta de Deus fez com que nossos caminhos cruzassem outra vez, sustentado no fato de que se foi os arranhões do passado que nos afastou, as feridas expostas - de ambos- de um tempo recente fizeram com que esse encontro fosse possível.
Não foi fácil estarmos juntos, não foi fácil perceber que ninguém acreditava que poderia dá certo, não foi fácil perceber que ainda existiam outras pessoas em nossas vidas, não foi fácil saber que nem sempre quando a saudade apertasse a gente ia poder estar ali com o outro. Enfrentar a distância, as dúvidas, a insegurança, nada foi fácil. Até que esse tempo que já temos juntos anular algumas dessas dificuldades, assim como minimizar outras, tornando nossa convicção e o nosso desejo de estar juntos e presentes na vida um do outro, mesmo a 200 km de distância, algo que cresce e fortalece a cada dia.
É inenarrável a felicidade que hoje sinto por poder compartilhar minha vida com alguém que me devolve, as vezes em dobro, o quanto me doou, é inexplicável a vontade de querer que tudo dê realmente certo e que a gente se (re)encontre outra vez e outra vez e outra vez, até podermos dividir o mesmo espaço, porque o tempo já dividimos, o tempo já é todinho nosso.